Se você é profissional das áreas de gestão ambiental, qualidade, segurança do trabalho ou pessoas, é bem provável que já tenha ouvido ou visto a sigla ESG por aí. Mas, se o seu objetivo é entender um pouco mais sobre esse assunto, continue lendo, este texto pode te ajudar.
A sigla ESG é formada pelas palavras do idioma inglês: Environmental, Social and Governance, que, traduzidas para o português, significam Meio Ambiente, Social e Governança.
Na verdade, ESG representa o antigo sistema de gestão integrada com uma nova roupagem e com ainda mais profundidade, já que esses quesitos passaram a ser avaliados nas análises de risco e tomada de decisão no mercado financeiro.
Fato é que, a cada dia, mais organizações estão aderindo à “cultura” de se desenvolver com foco em sustentabilidade ambiental, valorização das pessoas e das relações com os stakeholders, promovendo a melhoria contínua de processos e comunicando de forma transparente os resultados socioambientais alcançados.
Isso tem se tornado muito relevante para o sucesso das corporações, especialmente para as que são de grande porte, as de capital aberto ou para aquelas que objetivam chegar lá.
Em 2004, Kofi Annan, o então secretário-geral da ONU, a Organização das Nações Unidas, provocou 50 CEOs de grandes instituições financeiras sobre como integrar critérios de sustentabilidade, promoção social e governança corporativa às análises de risco e de investimento.
A partir disso, o mercado financeiro começou a se movimentar nesse sentido e o termo ESG passou a ser amplamente difundido no mundo.
No Brasil, especialistas apontam para uma maior aderência a partir de 2018, ganhando escala e se tornando um assunto essencial do universo corporativo a partir de 2020/2021, diante das amargas consequências sociais do COVID-19.
A pandemia acendeu um alerta no nosso país sobre a atuação das empresas frente aos problemas do mundo e como elas podem contribuir para melhorar a vida das pessoas.
Ao contrário do que muitos pensam, ESG não é uma sigla da moda e os seus pilares estão diretamente relacionados à cultura das organizações. O que tudo indica que realmente veio para ficar.
Se você considerar que a agenda ESG vem sendo aperfeiçoada há quase duas décadas, poderá concluir que de certa forma já estamos atrasados.
O mercado de capitais, as bolsas de valores e os bancos têm analisado esses fatores dando peso para a definição de riscos. Dessa forma, à medida que a cadeia vai aderindo, os aspectos ambientais, sociais e de governança se enquadram como quesito eliminatório para conseguir financiamentos e principalmente fontes de capital de investidores externos.
Ou seja, no longo prazo a prosperidade pode ficar bem mais difícil para as organizações que não são ESG.
O ESG tem como objetivo integrar os aspectos ambientais, sociais e de governança nas organizações.
Aderindo a essa agenda, as empresas precisam ter em mente que as suas atividades e estratégias devem sempre considerar o impacto que tem sob esses fatores.
Para que a empresa tenha sucesso na implantação da agenda ESG, primeiro é necessário que se faça uma análise aprofundada do seu propósito. É importante responder: por que, para que e por quem ela existe?
Os projetos, compromissos, políticas e ações voltadas à sustentabilidade, ao desenvolvimento social e a governança precisam acessar a essência da organização para que realmente façam sentido e sejam consistentes.
No caso de uma indústria, a produção é a sua atividade fim, então, muito provavelmente ela terá um impacto bem mais relevante no meio ambiente do que uma empresa de serviços ou um comércio de produtos, por exemplo.
Já pensando em uma instituição de serviços financeiros, a governança é o seu pilar mais essencial. Claro que isso não significa que ela não terá que atuar incisivamente no social e no meio ambiente, mas, seu ponto de partida será a governança.
Com o intuito de facilitar o entendimento e identificar onde se pode atuar em cada um dos aspectos, vamos explorar o caso de uma organização industrial do ramo alimentício, pensando em respostas para os questionamentos que seguem abaixo.
São muitas as possibilidades!
Mais uma vez é possível identificar vários pontos para atuar.
Enfim, você já deve ter percebido que é um caminho sem volta e ele deve ser trilhado de forma integrada, pensado para longo prazo.
E não se engane! Empresas certificadas em sistemas de gestão poderão ter mais facilidade para se tornarem ESG, mas certificações não são a garantia porque a profundidade dessa cultura vai muito além de ser ou não conforme.
Ao se tornar ESG, uma organização sinaliza para o mercado que tem uma boa gestão, é capaz de mitigar riscos e crescer sustentavelmente. E isso gera muito valor.
De acordo com dados do Governance and Accountability Institute, uma instituição de grande relevância no segmento, mais de 80% das corporações que têm ações na bolsa de valores dos Estados Unidos apresentam os seus dados de desempenho formatados nos padrões ESG.
Segundo a PwC, uma das maiores multinacionais de consultoria e auditoria do mundo, até 2025 cerca de 60% dos ativos de fundos múltiplos na Europa estarão naqueles que consideram os critérios ESG. Traduzindo isso em cifras, são 8,9 trilhões de dólares.
Outro dado muito importante que a PwC divulgou é que 77% dos investidores institucionais que participaram de uma pesquisa da empresa, informaram que pretendem deixar de comprar produtos que não sejam ESG.
No Brasil, apesar dos passos serem mais lentos, já se percebe uma grande movimentação das empresas e de investidores rumo às diretrizes Environmental, Social and Governance. E isso tem refletido em bilhões negociados na Bovespa e destinados a fundos ESG.
Não é interessante seguir uma rota divergente. Assumir o risco de ir por um caminho contrário pode custar muito caro, tendo como consequência perda de mercado, de poder econômico e podendo até inviabilizar a continuidade do negócio.
Autoria: Emanuela Figueiredo
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